28 fevereiro 2008

Educar é...






" Educar é como
instalar um motor num barco.
Há que medir, pesar, equilibrar...
e pôr tudo em marcha.
Para isso, cada um de nós tem
que levar na alma
um pouco de marinheiro,
um pouco de pirata,
um pouco de poeta
e um quilo e meio de paciência
concentrada.
Mas é um consolo sonhar
que esse barco-menino,
enquanto nós trabalhamos,
pode ir muito longe, por essas águas fora.
Sonhar que esse navio
levará a nossa carga de palavras
até portos distantes,
até ilhas longínquas.
Sonhar que, quando um dia, por fim,
dormir a nossa própria barca,
em barcos novos seguirá
a nossa bandeira desfraldada."



F. Gainza
In Educadores de Infância nº 13









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" Tudo começou, não sabia ainda o que era realmente Educação de Infância.
O meu nome é Joana Pires, tenho 21 anos e ingressei para este curso pelo enorme gosto que sinto em estar em contacto com crianças. (...) Sinto que tenho uma enorme responsabilidade nas mãos e espero dar o meu melhor para me fazer merecedora de «Mudar o Mundo»."





Estas, foram as frases que iniciaram e terminaram uma pequena apresentação inserida no Primeiro Portfólio que realizei no curso de Educação de Infância. Já lá vão três anos e, o ler este magnífico poema, revejo a responsabilidade que, inconscientemente, apelidei de «Mudar o Mundo». Hoje sei que a educação não se resume a uma simples "mudança". São necessários muitos ingredientes para que a "carga de palavras" navegue até "portos distântes" e "ilhas longinquas".






Façamos que o melhor de cada Modelo Curricular nos ajude nesta "mudança".






23 fevereiro 2008

Um exemplo de sucesso...

Escola da Ponte


Movimento da Escola Moderna (MEM)








Largo Dr. Braga da Cruz


4795-015 AVES



http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/html2/portug/bemvindo.htm

19 fevereiro 2008

Algumas citações...

«As coisas das crianças aprende-se ficando com elas» Loris Malaguzzi

«A tarefa do professor é preparar motivações para actividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois abster-se de interferir» Maria Montessori

«A criança ama tocar os objectos para depois poder reconhecê-los» Maria Montessori

«A democracia de amanhã prepara-se na democracia da escola» Célestin Freinet

«Convém que o trabalho das crianças não seja uma simples cópia; é necessário que seja realmente a expressão de seu pensamento» Jean-Ovide Decroly

« A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida» John Dewey


Citações in http://pt.wikiquote.org/
Imagem: "The Wild Child" de Pablo Picasso

16 fevereiro 2008

Para reflectir, com o coração...

« Vocês dizem que é cansativo estar com crianças e não há dúvida que têm razão. Depois acrescentam:
- Porque temos que nos pôr ao nível delas, porque temos que nos baixar, inclinar, curvar, tornar pequenos, mas aí vocês estão enganados.
O que mais cansa não é isso, o que mais cansa é sermos obrigados a elevarmo-nos até à altura dos seus sentimentos. Esticarmo-nos, alongarmo-nos até ficar em bicos dos pés para não as magoar. »


Janusz Korczark









15 fevereiro 2008

Cartilha Maternal; Arte de Escrita...

A cartilha maternal, método de ensino aplicado no Jardim-escola João de Deus, prepara os alunos para começarem a ler aos cinco anos. O sistema de aprendizagem utilizado na instituição estimula ainda as crianças a fazerem cálculos matemáticos desde o pré-escolar.


Fotografias da Cartilha Maternal (da minha mãe, que iniciou o seu percurso escolar no 1º Jardim-Escolar de Coimbra, no ano de 1968, com 3 anos):





Fotografias: Arte de Escrita (cadernos de escrita de 1969, 1970 e 971):


14 fevereiro 2008

Contribuição de alguns pedagogos para os Modelos Curriculares...


Os modelos curriculares foram construídos a partir da aplicação da teoria à prática condiderando como elementos básicos as teorias que assumem posturas diferentes que se traduzem em diversos princípios orientadores, com repercussão ao nível dos objectivos educacionais, estratégias de ensino e actuações educativas. Assim, podem considerar-se três tipos de modelos: modelos maturacionistas, modelos comportamentalistas e modelos cognitivistas.

Os modelos maturacionistas têm por base as teorias da psicologia dinâmica, que se traduzem em currículos centrados na criança. Os modelos comportamentalistas baseiam-se nas teorias behavioristas, orientando-se para as aquisições académicas, traduzindo-se em programas estruturados, sequenciais e bem organizados. Por fim, os modelos cognitivistas têm raizes na teorias do desenvolvimento cognitivo, propostas por Piaget e enfatizam o desenvolvimento cognitivo, onde o conhecimento físico, social e lógico-matemático são privilegiados.

Pedagogos, como Froebel, Montessori, Freinet, McMillan e Isaacs deram um grande contributo para a construção dos Modelos Curriculares actuais. Segundo Curtis, estes cinco pedagogos "eram detentores de uma visão em que a criança pequena é acima de tudo uma pessoa, com pensamentos, sentimentos e imaginação que necessita ser acarinhada e amada".

Froebel criou o seu jardim-de-infância em 1973, na Alemanha, concebendo um programa pioneiro para a época. A pedagogia de Froebel reflectiu a sua crença de que a escola deve encorajar o desenvolvimento natural das crianças. De acordo Curtis "para Froebel as crianças necessitavam de um vasto número de experiências antes de poderem chegar ao conhecimento de si próprias e do mundo". Para Friedrick Froebel o jogo era uma actividade profundamente significativa para as crianças e muitas das actividades que faziam parte do currículo froebeliano ainda hoje fazem parte das actividades dos jardins-de-infância.

No início do século XX assite-se ao nascimento da ciência moderna e a um movimento que viria a ter repercussões assinaláveis: A Escola Nova. Com este movimento aparecem inúmeras associações escolares, das quais se destacam as Casas de Maria Montessori e a Escola de Célèstin Freinet.

Maria Montessori (médica) via o desenvolvimento infantil como algo biologicamente programado. Para Montessori as crianças aprendem através das suas actividades livres e espontâneas, tendo o ambiente planeado um papel importante. O currículo montessoriano incluía treino sensorial, exercícios da vida prática, educação muscular e o ensino de competências académicas básicas. Maria Montessoria foi ainda a responsável pela introdução de mobiliário adapatado a crianças pequenas bem como de materiais específicos para actividades matemáticas e sensoriais.

Também a pedagogia de Freinet se insere no Movimento da Escola Nova que preconiza que a educação deve ter origem na crianças. Freinet considera a aquisição do conhecimento como fundamental, mas, essa aquisição deve ser garantida de forma significativa, recorrendo a produções espontâneas das crianças como ponto de partida para a utilização de métodos chamados naturais, nomeadamente o método de leitura global e de escrita através da imprensa. Uma das técnias mais conhecidas de Freinet é o «Jornal Escolar». Através do «Jornal Escolar» Freinet procurou conhecer as crianças pelas suas produções espontâneas, encorajando as crianças a produzirem habitualmente textos e desenhos livres. Com o "jornal" Freinet procurou estabelecer a comunicação entre o meio e a escola, dando sentido às práticas educativas, na medida em que estas se relacionavam com o meio em que a escola se inseria.

Margaret McMillan, em 1911, fundou o seu primeiro infantário, com o objectivo de melhorar as condições das crianças e das famílias que viviam em bairros degradados de Londres, sendo uma das primeiras pessoas a dar importância ao valor educativo das famílias. McMillan atribuiu grande importância aos primeiros anos de vida no desenvolvimento das crianças argumentando que amor e segurança são tão vitais para o progresso global como o bem-estar material. McMillan também se apercebeu da importância do envolvimento dos pais na educação dos filhos, promovendo a cooperação entre estes e a escola, iniciando um processo que é hoje reconhecido como fundamental para o trabalho desenvolvido nos jardins-de-infância.

Susan Isaacs, fortemente influenciada pelos estudos de Freud, pretendeu introduzir na educação de infância a liberdade de acção e a expressão emocional. Para Isaacs emoções como a hostilidade, a fúria, o medo ou a agressividade deveriam ser encorajadas, uma vez que a sua repressão poderia trazer malefícios ao inconsciente da criança. Isaacs dava particular importância ao jogo como processo de aprendizagem, particularmente o jogo em grupo. Susan Isaacs reflectiu o pensamento de Dewey(1), acreditando que o objectivo central do ensino era o treino das crianças para pensar com lógica e raciocínio.


(1) Para Dewey, o conhecimento é uma actividade dirigida que não tem um fim em si mesma, mas está dirigida para a experiência. As ideias são hipóteses de acção e são verdadeiras quando funcionam como orientadoras dessa acção. A educação tem como finalidade proporcionar à criança condições para que resolva por si própria os seus problemas, e não as tradicionais ideias de formar a criança de acordo com modelos prévios, ou mesmo orientá-la para o futuro.


Fonte: «Currículo na Educação Pré-Escolar e Articulação Curricular com o 1.º Ciclo do Ensino Básico» de Célia Serra, Porto Editora

12 fevereiro 2008

Música para os vossos ouvidos!

Aqui está uma forma simples de explicar o trabalho dos educadores!
Toca a aprender e a fazer o videoclip com as acções do dia a dia!


09 fevereiro 2008

“Invece il cento c’è” de Loris Malaguzzi

“Invece il cento c’è”
Il bambino
è fatto di cento.

Il bambino ha
cento lingue
cento mani
cento pensieri
cento modi di pensare
di giocare e di parlare

cento sempre cento
modi di ascoltare
di stupire di amare
cento allegrie
per cantare e capire

cento mondi
da scoprire
cento mondi
da inventare
cento mondi
da sognare.

Il bambino ha
cento lingue
(e poi cento cento cento)
ma gliene rubano novantanove.

La scuola e la cultura gli separano la testa dal corpo

Gli dicono:
di pensare senza mani
di fare senza testa
di ascoltare e di non parlare
di capire senza allegrie
di amare e di stupirsi
solo a Pasqua e a Natale.

Gli dicono:
di scoprire il mondo che già c’è
e di cento
gliene rubano novantanove.

Gli dicono:
che il gioco e il lavoro
la realtà e la fantasia
la scienza e l’immaginazione
il cielo e la terra
la ragione e il sogno
sono cose
che non stanno insieme.

Gli dicono insomma
che il cento non c’è.
Il bambino dice:invece il cento c’è.
(O original é sempre mais bonito!)

08 fevereiro 2008

...?

"O que hei-de escrever?!"
- imagino esta dúvida a paralisar os vossos dedos que teimam em não escrever... Sempre que nos pedem para o fazer, para expressarmos ideias, para dizer o que sabemos (ou não sabemos!) sobre um assunto desatamos a correr atrás das palavras e parece que elas fogem sempre com mais pressa do que nós, e desistimos... Pois então experimentemos o contrário... sentarmo-nos com elas para as escolher e compor!

Há tanto para dizer!.. Inúmeras são as conjugações possíveis. Para vos desafiar deixo aqui um conjunto de pistas!

interacção interesse criatividade autonomia currículo flexibilidade experiências-chave documentação espaço iniciativa adulto cooperação Malagguzi planificação família aprendizagens académicas expressão artística crianças dinamizador cultura construtivismo cooperação

Comecem com a(s) que quiserem, usem as que mais gostarem/precisarem e vão buscar outras (por exemplo aos vossos memorandos, que ainda só são vossos e deste modo podem ser partilhados!).

Comecemos a "desfilar", rompendo a

06 fevereiro 2008

Modelo Curricular... o que é?

Hoje começa-se a dar a devia importância à educação pré-escolar de qualidade. A partir da última década do século XX deu-se o "boom" da educação pré-escolar com a expansão da rede pré-escolar pública, devido ao aumento do número de crianças a frequentar o contexto de educação pré-escolar. Ao considerar-se a educação pré-escolar como "primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida" surge a problemática do currículo em educação pré-escolar. (FORMOSINHO, 2007)
Surgem então as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE), o ponto de apoio para a prática pedagógica dos educadores. As Orientações deverão ser o espelho da coerência profissional do educador de infância, contribuindo para uma educação pré-escolar de qualidade. (DEB, 1997)
As OCEPE não constituem por si só um referente de qualidade. Para reforçar a qualidade pretendida é importante a adopção de um modelo curricular na educação de infância. Segundo Júlia Oliveira-Formosinho, o conceito de modelo pedagógico diz respeito a um sistema educacional compreensivo que se caracteriza por culminar num quadro de valores, numa teoria e numa prática fundamentada. (FORMOSINHO, 2007)
Já Célia Serra, citando Spodek e Brown, define modelo curricular como um "conjunto de permissas teóricas e políticas, administrativas e componentes pedagógicas de um programa destinado a obter um determinado resultado educatio. Deriva de teorias que explicam como as crianças se desenvolvem e aprendem, de noções sobre a melhor forma de organizar os recursos e oportunidades de aprendizagem para as crianças e de juízos de valor acerca do que é importante que as crianças saibam." (SERRA, 2004)

(Andares, 1929, Wassily Kandinsky)

  • DEB (1997) Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação.
  • FORMOSINHO, Júlia Oliveira (2007) Modelos Curriculares para a Educação Pré-Escolar - Construindo uma práxis de participação, 3ªed. Porto: Porto Editora
  • SERRA, Célia (2004) Currículo na Educação Pré-Escolar e Articulação Curricular com o 1.º Ciclo do Ensino Básico. Porto: Porto Editora

Qual é o modelo curricular que considera mais interessante?