14 fevereiro 2008

Contribuição de alguns pedagogos para os Modelos Curriculares...


Os modelos curriculares foram construídos a partir da aplicação da teoria à prática condiderando como elementos básicos as teorias que assumem posturas diferentes que se traduzem em diversos princípios orientadores, com repercussão ao nível dos objectivos educacionais, estratégias de ensino e actuações educativas. Assim, podem considerar-se três tipos de modelos: modelos maturacionistas, modelos comportamentalistas e modelos cognitivistas.

Os modelos maturacionistas têm por base as teorias da psicologia dinâmica, que se traduzem em currículos centrados na criança. Os modelos comportamentalistas baseiam-se nas teorias behavioristas, orientando-se para as aquisições académicas, traduzindo-se em programas estruturados, sequenciais e bem organizados. Por fim, os modelos cognitivistas têm raizes na teorias do desenvolvimento cognitivo, propostas por Piaget e enfatizam o desenvolvimento cognitivo, onde o conhecimento físico, social e lógico-matemático são privilegiados.

Pedagogos, como Froebel, Montessori, Freinet, McMillan e Isaacs deram um grande contributo para a construção dos Modelos Curriculares actuais. Segundo Curtis, estes cinco pedagogos "eram detentores de uma visão em que a criança pequena é acima de tudo uma pessoa, com pensamentos, sentimentos e imaginação que necessita ser acarinhada e amada".

Froebel criou o seu jardim-de-infância em 1973, na Alemanha, concebendo um programa pioneiro para a época. A pedagogia de Froebel reflectiu a sua crença de que a escola deve encorajar o desenvolvimento natural das crianças. De acordo Curtis "para Froebel as crianças necessitavam de um vasto número de experiências antes de poderem chegar ao conhecimento de si próprias e do mundo". Para Friedrick Froebel o jogo era uma actividade profundamente significativa para as crianças e muitas das actividades que faziam parte do currículo froebeliano ainda hoje fazem parte das actividades dos jardins-de-infância.

No início do século XX assite-se ao nascimento da ciência moderna e a um movimento que viria a ter repercussões assinaláveis: A Escola Nova. Com este movimento aparecem inúmeras associações escolares, das quais se destacam as Casas de Maria Montessori e a Escola de Célèstin Freinet.

Maria Montessori (médica) via o desenvolvimento infantil como algo biologicamente programado. Para Montessori as crianças aprendem através das suas actividades livres e espontâneas, tendo o ambiente planeado um papel importante. O currículo montessoriano incluía treino sensorial, exercícios da vida prática, educação muscular e o ensino de competências académicas básicas. Maria Montessoria foi ainda a responsável pela introdução de mobiliário adapatado a crianças pequenas bem como de materiais específicos para actividades matemáticas e sensoriais.

Também a pedagogia de Freinet se insere no Movimento da Escola Nova que preconiza que a educação deve ter origem na crianças. Freinet considera a aquisição do conhecimento como fundamental, mas, essa aquisição deve ser garantida de forma significativa, recorrendo a produções espontâneas das crianças como ponto de partida para a utilização de métodos chamados naturais, nomeadamente o método de leitura global e de escrita através da imprensa. Uma das técnias mais conhecidas de Freinet é o «Jornal Escolar». Através do «Jornal Escolar» Freinet procurou conhecer as crianças pelas suas produções espontâneas, encorajando as crianças a produzirem habitualmente textos e desenhos livres. Com o "jornal" Freinet procurou estabelecer a comunicação entre o meio e a escola, dando sentido às práticas educativas, na medida em que estas se relacionavam com o meio em que a escola se inseria.

Margaret McMillan, em 1911, fundou o seu primeiro infantário, com o objectivo de melhorar as condições das crianças e das famílias que viviam em bairros degradados de Londres, sendo uma das primeiras pessoas a dar importância ao valor educativo das famílias. McMillan atribuiu grande importância aos primeiros anos de vida no desenvolvimento das crianças argumentando que amor e segurança são tão vitais para o progresso global como o bem-estar material. McMillan também se apercebeu da importância do envolvimento dos pais na educação dos filhos, promovendo a cooperação entre estes e a escola, iniciando um processo que é hoje reconhecido como fundamental para o trabalho desenvolvido nos jardins-de-infância.

Susan Isaacs, fortemente influenciada pelos estudos de Freud, pretendeu introduzir na educação de infância a liberdade de acção e a expressão emocional. Para Isaacs emoções como a hostilidade, a fúria, o medo ou a agressividade deveriam ser encorajadas, uma vez que a sua repressão poderia trazer malefícios ao inconsciente da criança. Isaacs dava particular importância ao jogo como processo de aprendizagem, particularmente o jogo em grupo. Susan Isaacs reflectiu o pensamento de Dewey(1), acreditando que o objectivo central do ensino era o treino das crianças para pensar com lógica e raciocínio.


(1) Para Dewey, o conhecimento é uma actividade dirigida que não tem um fim em si mesma, mas está dirigida para a experiência. As ideias são hipóteses de acção e são verdadeiras quando funcionam como orientadoras dessa acção. A educação tem como finalidade proporcionar à criança condições para que resolva por si própria os seus problemas, e não as tradicionais ideias de formar a criança de acordo com modelos prévios, ou mesmo orientá-la para o futuro.


Fonte: «Currículo na Educação Pré-Escolar e Articulação Curricular com o 1.º Ciclo do Ensino Básico» de Célia Serra, Porto Editora

1 comentário:

OIE3 - Admin disse...

Bom trabalho! Muita dedicação!...

A propósito de pedagogos de referência, fica aqui a morada deste blog sobre "grandes nomes da educação", que foi construído, imaginem!... por alunos no âmbito de uma disciplina da Universidade de Lisboa - coincidências ;-)

Aproveitem e vão lá espreitar algumas fotografia dos nosso "famosos":

http://grandesnomeseducacao.wordpress.com/

Qual é o modelo curricular que considera mais interessante?